sexta-feira, 22 de abril de 2011

A Guerra dos Imoles, 5ª parte - uma noveleta de Roberval Barcelos

Do homem

Akim fez outras visitas de cortesia a outras aldeias. Em todas foi bem recebido por conta dos presentes que distribuía generosamente e pela aparência imponente diante dos olhos ingênuos dos aldeões. Em poucos dias era visto como um amigo por pelo menos quinze aldeias. Os búzios também falavam com ele, mas de modo estranho, afinal não era uma consulta aos Orixás porque eles ainda são Imóles nesta época, mas quem respondia às suas indagações eram os “eguns”, ou seja: os espí ritos dos mortos que ainda vagavam pela Terra. Esses “eguns”, ainda carregando consigo as imperfeições da vida humana, tomaram Akim como um amigo, alguém que devessem proteger por ser um elo entre vivos e mortos, e passaram a acompanhá-lo e enviar-lhe mensagens através dos búzios. E os “eguns” contaram a ele que outros homens estavam na aldeia que ele primeiro visitara, que o Babalaô mentiu e que o primeiro “élégun”, o primogênito dos iniciados, estava naquela aldeia, aguardando o sinal dos “Irun-im óles” para trazer aos homens o primeiro dos Orixás. Também contaram que os deuses da esquerda, os “Igba-imóles”, discordavam em nivelar os inferiores humanos àqueles que foram abençoados com dons divinos pelo Deus Supremo e que viam na destruição dos homens o único meio de evitar tamanha blasfêmia.
– Exatamente como contam as lendas – exultava-se Akim.
A consulta terminou quando Linterbaun trouxe alguns homens idosos a sua presença. Num gesto teatral, Akim apanhou um pequeno cubo e o fez projetar um imagem holográfica de si mesmo. Os pobres africanos ao verem tal coisa aparecer e desaparecer ao comando daquele homem fantástico, não hesitaram em se atirar ao chão, prostrados em adoração.
– Fiquem de pé! – O iorubá de Akim era perfeitamente compreensível para eles, que obedeceram.
– Farão o que eu mandar?
Um dos idosos se fez de porta-voz:
– Estamos diante de um instrumento dos deuses?
Akim sorriu malicioso, apesar de saber que por mais ‘poderes’que exibisse, não o tomariam como uma divindade.
– Sim. Eu vim a mando dos deuses que estão irados e ameaçam destruir a tudo e todos se um terrível mal
não for evitado – seus anos como ditador o ensinaram a mentir de forma convincente.
– Ai daquele que ousar ser t ão grande como um deus sem ser um deus!
Começou um murmúrio. Outro idoso perguntou:
– Que mal é esse que tanto aflige os deuses? Não somos nós os culpados, ou somos?
– Não se trata de culpa – Akim falava em tom paternal – mas sim de devoção. Se você agrada aos deuses.
mas permite que outro os desagradem, então de nada valeu a sua devoção. Numa aldeia há um homem que desafia a vontade dos deuses. – Isso é blasfêmia!
Eles se horrorizaram.
– Claro que é. Portanto, fiquem prontos para atacarem aquela aldeia ao meu sinal e, assim, evitarem a ira dos deuses.
Os idosos murmuram mais um pouco e concordaram, com relutância, em dar um voto de confiança a Akim. No final, o ditador lhes deu mais presentes e os dispensou. Após saírem todos, Linterbaun perguntou:
– General, o senhor pretende usar aqueles pobres coitados para atacarem a aldeia? Mas nós podemos ir até lá e destruir tudo em minutos.
– Esses ‘pobres coitados’ são nossos antepassados, Linterbaun – disse após um muxoxo. – E eu sei muito bem que podemos destruir aquela aldeia em minutos, mas prefiro que eles mesmos o façam, pois que sua destruição certamente agradará ao meu pai – tocou o chão com as pontas dos dedos da mão direita e levou-os a testa – Ogum!
“Ogum-yiê”!
Linterbaun franziu o cenho, pois se julgava racional demais para acreditar em mitos – ao menos para ele eram mitos.
– A função de vocês é proteger a mim e a missão. Aliás, mudando de assunto, terminaram as buscas? – disse Akim.
Linterbaun retesou o corpo antes de responder, pois os anos de convivência não tiraram dele o
constrangimento de ter seu assunto abruptamente cortado por Akim.
– Sim, General. Apenas aguardamos instruções.
– Excelente! – Akim sorriu. – Tudo transcorre exatamente conforme planejei.
Linterbaun prestou continência e saiu dali a passos largos, deixando para trás um líder que voltava a sonhar com tempos de glória.

* * *

Franco soube dos homens de Akim e se preparava para um confronto iminente. Tudo que ele precisava fazer era aguardar o momento exato para desferir um golpe enquanto o ditador agisse e evitasse o contato com o deus Ogum ainda “Igbá-imóle”.
– Sabemos sobre o “élégun” – disse Ferreiro ao Babalaô – e das maravilhas que os Orixás nos reservam.
– O que vocês querem então? – O Babalaô indagou.
– Queremos que tudo dê certo. Queremos que seja feita a vontade dos “Irun-imóles”.
– Por quê? O que realmente o traz aqui?
Diante da réplica do Babalaô, Chico Ferreiro deu de ombros e disse:
– O futuro. – e, apontando para os outros, acrescentou – Todos nós viemos do futuro. Somos os nãonascidos.
O Babalaô sentiu um frio na barriga. Lendas falavam de homens que morreram mas cujos corpos vagavam pelo mundo sem alma, outras lendas falavam de espíritos que vinham ao mundo para conhecer o local onde nasceriam. Mais lendas vinham à sua mente: homens que viam o futuro, homens que já nasciam conhecendo o futuro e até de homens que iam e vinham do futuro. – Nós sabemos como tudo isso termina – continuou Chico Ferreiro. – Sabemos qual será o fim do que acontecerá aqui.
– O fim? – O Babalaô arregalou os olhos. – Então há mesmo o final de tudo? O fim de todas as coisas?
Chico Ferreiro ergueu a mão como se pedisse calma. O Babalaô ficou esperando e ele explicou, tendo o cuidado para não expor novamente o homem de 1800 a.C. a conceitos de sua época:
– Eu falava sobre o desfecho da iniciação do primeiro “élégun”. Tudo dará certo e os “Igbá-imóles” serão derrotados e destruídos por “Olodumare”.
– O deus-supremo intervirá em favor dos homens? – a voz do Babalaô não era de um crédulo. – Ifá não diz isso, mas sim que a guerra ainda nem começou. Como pode haver uma certeza sobre o desfecho da Iniciação se nem Ifá sabe? Querem ser maiores do que um deus?
– Acho que posso explicar – Franco intrometeu-se na conversa. – Ifá diz que o desfecho ainda é incerto porque neste instante há um guerra em andamento, mas nós viemos do futuro, portanto sabemos que esta guerra já terminou e como terminou. No futuro haverá muitos outros “éléguns”.
– Eu quero acreditar nas tuas palavras, mas não posso crer que até quem veio do futuro possa saber mais do que o Senhor dos Segredos – o Babalaô falava com convicção. – Ifá diz que o desfecho da guerra é incerto, portanto vocês não podem saber, mesmo que tenham vindo do futuro.
– Nós sabemos, Babalaô.
– Então por quê vieram?
– Porque aquele homem, Akim, está interessado em contatar um dos “Igbá-imóles” e leva-lo consigo para o futuro, onde acredita poder mudar o seu destino. Nós estamos aqui para garantir que nada sairá errado e que ele não se aproximará desta aldeia.
– Então, vocês não sabem se aquele homem conseguirá impedir a Iniciação ou mudar o seu destino.
Franco pensou se aquela conversa estaria virando um jogo de palavras. Respirou fundo e afirmou:
– Akim não vencerá. Os “Igbá-imóles” serão derrotados, o imóle não irá para o futuro com ele e sua guerra
estará definitivamente perdida. Ifá não errou, apenas não viu mais adiante. Pense bem, Babala ô: se os “Igbáimóles” tivessem vencido ou Akim conseguisse levar o imóle consigo para o futuro, nós não poderíamos estar aqui.
E deu as costas ao Babalaô. Por sua vez, o sacerdote de Ifá mantinha-se firme em sua fé e disse a Chico Ferreiro:
– Se já fosse certo o resultado disso tudo, Ifá teria me contado.
– Mas foi o que aconteceu... acontecerá aqui – Ferreiro deu de ombros. – Eu vim do futuro e sei que os deuses vieram até nós e que a nossa religião prosperou, foi para terras distantes e lá plantou raízes.

O Babalaô não se convenceu, mas achou melhor encerrar a conversa antes que ouvisse novamente questionamentos a Ifá. Para ele não fazia sentido o oráculo não dar o resultado da guerra se já o é conhecido no futuro. Por sua vez, Ferreiro encontrou lógica no que o Babalaô disse. Se é certo de que os “Irún-imóles” vencerão e Akim será derrotado, o que faziam ali, se há pleno conhecimento do ocorrido?
– Quem te disse isso? – Franco abordou Ferreiro abruptamente.
– Mas eu não falei nada – disse Ferreiro, pensando se Franco conseguia ler seus pensamentos.
– Não, Ferreiro. Não li seus pensamentos. Apenas sei o que você irá dizer porque já foi dito. Saiba que nossa presença aqui é necessária porque fomos nós quem impedimos Akim.
– E fomos nós que derrotamos os “Igbá-imóles”?
– Não. Mas estávamos aqui quando isso aconteceu. Agora fique tranqüilo, pois a nossa presença é prova física de que o nosso futuro é uma certeza e não uma possibilidade.
Ciente de sua divindade tecnológica, fitou seu anel e resolveu conferir o futuro, desaparecendo diante dos olhos de Ferreiro e do Babalaô, que não ficaram menos surpresos do que Giácomo e Alves que não o viram manipular a Caixa.
– Ele foi muito rápido – observou Giácomo. – Nem vi quando passou o cartão.
– Estranho – corou Roberto Alves. – Eu também não vi.
Segundos depois, Franco reapareceu. Nenhum sinal de Caixa ou Cartão, conforme haviam observado os dois agentes, apenas o homem com passo vacilante e olhos sonolentos. Mal chegou e caiu sem sentidos, sendo socorrido por Roberto e Giá como que o puseram numa esteira. Não havia palavras, só o espanto.

No momento em que Tadeu entrou na cabana e viu a confusão instalada, Franco recuperou os sentidos, segurou Giácomo pelo braço e disse:
– Não tentem se deslocar para o futuro... é perigoso...
E desmaiou novamente. Ferreiro olhou para o Babalaô, que balançou a cabeça como se quisesse dizer: ‘Eu não falei?
* * *
Roberto Alves já viu muita coisa em seus anos na Empresa, mas nunca pensou estar diante de uma lenda, como bem lembrou Giácomo:
– Cadê a Caixa e o Cartão?
Revistaram-no. Nada.
– Há uma droga – disse Tadeu – que possui efeitos ainda desconhecidos, mas que age no cérebro e pode deslocar o corpo no tempo.
– Que droga? – Giácomo exaltou-se. – Como uma substância química poderia agir no CET? – E eu sei?
– Tadeu mal se continha. – Tem coisas na Empresa que eu mal consigo aceitar, quanto mais entender.
Alheio a discussão, Roberto segurou a mão esquerda de Franco e ficou observando o anel em forma de uma cobra mordendo o próprio rabo.
Não podia ser!
Assustado, ele soltou a mão que caiu sobre a barriga.
– Giácomo, Tadeu – Roberto chamou-os. – Já ouviram falar em deuses do Nível 6?
Ambos cruzaram olhares.
– Que deuses? – Giácomo franzia a testa.
– Tá maluco? – Tadeu estranhou. – Não há deuses coisa nenhuma!
– Olha, se tem uma coisa da qual eu não duvido é a existência de superburocratas em níveis acima do Cinco – disse Giácomo. – Eles usam uma tecnologia tão ímpar que outros os chamam de ‘deuses ’.
Tadeu olhou mais uma vez para Franco e indagou: – Tá querendo me dizer que este cara aqui é um Nível 6?
– Ainda duvida?
– Sei não. Fraga disse que esse mané é do Nível 5.
– Fraga mentiu.
Tadeu enumerou as mentiras que já ouviu na Empresa. Eram muitas e envolviam o próprio tecido da Realidade, num emaranhado de procedimentos que atrapalhavam mais do que agilizavam a entidade que deveria zelar pelo melhor dos tempos.

E isso era outra mentira.

* * *

Franco despertou, mas permaneceu deitado e de olhos fechados durante um bom tempo. Somente quando sentiu que estava sozinho que abriu-os e fitou o anel em seu anular: agora um mero ornamento inútil.
O problema dos ‘deuses’ tecnológicos é quando passam a acreditar que são mesmo portadores de algum dom divino por terem se arrogado senhores do Tempo.
Há muito tempo (Quanto? Nem ele era capaz de precisar qualquer coisa) ele era só mais um homem – e sabia disso.
Em sua Linha Temporal, a Palmares independente nem esperou pelo fim da Grande Guerra no início do século 20 para iniciar ela mesma sua pregação imperialista, justificando seu expansionismo numa suposta guerra de libertação da ‘raça negra’. Ele, um dos muitos jovens entorpecidos pelos discursos inflamados dos populistas palmarinos, pegou em armas e aguardou ansiosamente para desembarcar em praias africanas com o sonho quixotesco de varrer os impé rios coloniais da face da Terra.

Antes de embarcar, olhou para os parentes que foram até o porto para se despedirem do herói da família.
Diante de seus olhares – e das moças bonitas – ele ergueu o punho cerrado e bradou:
– “Ogum yiê”!
Em 1917, a imensa frota palmarina surgiu nas praias do Benin e foi ruidosamente saudada pelos
intelectuais africanos que viram naquilo um novo tempo (tempo, de novo).

Mas a verdade não estava nos discursos populistas. Os impérios coloniais, mesmo economicamente arruinados pelo esforço da Grande Guerra, dispunham de imensos contigentes militares bem armados e treinados que foram desviados para enfrentarem os palmarinos e seus voluntários africanos. Em 1919, Palmares estava em guerra com as nações mais poderosas da Terra.

Franco via com seus olhos ainda ingênuos, os ‘reis’ africanos, antigos negociantes de escravos com os brancos, que mudavam de lado pelo pavor que a incrível máquina de guerra dos impérios coloniais despertava em seus ‘tronos’ frágeis. Um a um, nobres guerreiros da Mãe África mudavam de lado e caçavam os remanescentes do orgulhoso exército palmarino, que contava com o apoio de uns poucos idealistas que ainda sonhavam com uma África livre e poderosa.
Foram despertados de seu sonho. Em um ano os palmarinos recuaram para poucas praças fortes ao longo da Costa da Guiné, constantemente assediadas, enquanto os líderes de Palmares assinavam tratados com os senhores coloniais e ensaiavam discursos para convencerem o povo de que aquela derrota foi em verdade uma vitória dos princípios da unidade negra.

Era tudo mentira. Palmares sonhou com um império no além-mar, nem que para isso sacrificasse uma geração inteira de jovens. Mentiram para os africanos ao posarem de libertadores quando o que queriam era somente aproveitar-se do caos na Europa para edificar seu próprio império. Mentiram para o seu próprio povo quando disseram que seus filhos marchavam para a vitória certa sobre um inimigo debilitado.

Enquanto os líderes palmarinos mentiam, ele estava em patrulha com mais dois soldados quando foram surpreendidos por uma patrulha dos coloniais. Após intenso tiroteio, ele estava caído no chão, baleado, cercado pelos cadá veres de seus companheiros e dos atacantes, mas ainda estava vivo. Por quanto tempo? (sempre, sempre, sempre tempo) Ele, tão jovem, deveria morrer naquela luta inglória, a tornar-se mais um índice na estatística dos populistas palmarinos? De repente, sentiu algo poderoso próximo de si. Virou o rosto para o lado, na esperança de ver alguém. Ninguém foi visto, mas sentia a presença poderosa que parecia ampará-lo.
– Pai?
Será que Ogum sente orgulho de ver seu filho chegando ao fim de modo tão honroso?
– Pai! – Num gesto de desespero e permitindo que rolassem as primeiras lágrimas, ele suplicou:
– Por favor, pai! Não me deixe morrer!
Findo o apelo, a presença foi-se afastando até desaparecer. Teria Ogum se decepcionado com ele? Será que o deus veio só para levar consigo seu filho guerreiro mas viu-se diante de apenas um homem temente da morte?
Nunca saberá.
Somente sabe que reuniu forças para erguer seu braço ensangüentado na direção da energia do deus e suplicou por sua vida mais uma vez. Vozes se fizeram ouvir:
– Tenente! Tenente! – mas que não vinham do além.

Então, surgiram dois soldados palmarinos. – Ainda bem que o senhor ergueu o braço, Tenente – um deles disse como se tivesse presenciado um milagre – caso contrário íamos passar direto.
O deus não era mais sentido lá. Fizesse o que tivesse feito, fez pela última vez e foi embora – para sempre.

Foi levado para um forte litorâneo e embarcado de volta para casa, com medalhas cinzas e frias pregadas no peito e, nos ombros, as divisas de Capitão. No caminho de volta, soube que Palmares assinou a paz com os impérios coloniais e abandonou à própria sorte os poucos que ainda a apoiavam a fim de manter vantajosos contratos comerciais com seus ex-inimigos. Apesar das honrarias e dos prêmios, ele voltou para casa sem nada: sem causa, sem ideologia, sem vitória, sem fé – sem seu pai Ogum.

Desde aquele dia ele se sentiu vazio, fútil e sozinho. Ficava perambulando pelas ruas da cidade por conta da pensão de ex-combatente em busca de prazeres carnais e diversões banais, sentindo-se no direito de ser um parasita enquanto novos discursos dos mesmos líderes pareciam preparar o mundo para uma nova tragédia.

Porém, num dia perdido no tempo, seres vindos de sabe-se lá quando e onde levaram-no para conhecer a Realidade por trás daquela ilusão que o assimilara – e nunca mais foi o mesmo.
Sem um deus, sentiu-se vazio o bastante para preencher seu ser com conhecimentos de tecnologia e ficar transitando entre todas as Eras, acima dos homens. A causa pela libertação da África ficou para trás e conheceu o Contínuo Espaço-Temporal, com todo emaranhado de possibilidades que poderiam se desdobrar. Viu mundos possíveis e desfechos prováveis de Linhas Temporais que variavam entre si num dado momento do tempo – e eram esses momentos que deveria proteger. Ele não teria mais causa, ideologia, lutas ou fé, mas ainda sobreviveria com o objetivo de preservar o que convencionou-se chamar de Intempol – e só.

O problema era que não havia nada. Como um paradoxo da tecnologia que chegou a acreditar ser infalível, ele retornou do futuro encontrou o vazio.

Continua

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